Brasil

Cartórios de Registro Civil registram aumento de mortes em 2022

Embora o período de maior apreensão pela pandemia ter passado, consequências ainda são geradas pelo Coronavírus. Cuidados sanitários ainda são exigidos, restrições são mantidas e mortes ainda acontecem. Segundo a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), 2022 teve o janeiro mais mortal desde 2003, quando os números começaram a ser contabilizados pela entidade. Com um aumento de mais de 70% nas mortes por pneumonia em comparação ao mesmo mês de 2021.

Janeiro de 2022 foi o mês mais mortal do Brasil, segundo os registros de mortes dos Cartórios de Registro Civil brasileiros. Foram 144.341 mortes no mês, e segundo o presidente da Arpen Goiás, Bruno Quintiliano, o um aumento foi de 5% em relação a 2021, e 22% maior do que o registrado no mesmo período em 2020. “Apesar das mortes com diagnóstico de Covid-19 terem diminuído, esse aumento de mortes por outras doenças ainda é um reflexo desse período de pandemia”, declara o presidente.

O Coronavírus em si, como causa da morte, não é a responsável pelo aumento nos óbitos, já que as mortes pela doença tiveram uma redução de 55% entre janeiro de 2021 e 2022. Mas a circulação de novos patógenos, a retomada de todas atividades econômicas (gerando menor isolamento social) e a falta de controle de doenças crônicas nos últimos dois anos acabaram influenciando nos óbitos por outras doenças. Além do Covid-19, outras doenças respiratórias foram decisivas para o grande número de óbitos.

 

Bruno analisa os dados e diz que as mortes por pneumonia passaram de 12.745 em janeiro de 2021 para 21.718 neste ano, um crescimento de 70%. Em 2020, antes da pandemia, foram 15.484 mortes pela doença. Outro dado registrado pelos Cartórios brasileiros está relacionado ao crescimento de mortes por doenças do coração: AVC (20%), Infarto (17%) e Causas Cardiovasculares Inespecíficas (19%). Também registraram crescimento as mortes por Septicemia (23%), Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) (9%) e Indeterminada (9%).

“Os números dos Cartórios de Registro Civil mostram mais uma vez, em tempo quase que real, o retrato fidedigno do que acontece com a população brasileira. Embora haja uma diminuição clara nos óbitos por Covid-19, ainda não se conhecem todos os efeitos das novas variantes, em especial da ômicron, que, diante do aumento de casos no último mês, parece ser a causa do crescimento de óbitos de outras doenças, como a pneumonia, doenças do coração e septicemia”, afirma Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Arpen Brasil.

Os dados ficam como alerta para uma demanda da saúde pública, que Bruno Quintiliano acredita estar enfrentando outro momento preocupante. Já que apesar da vacinação limitar os casos graves e uma alta no número de mortes, como aconteceu em 2021, a taxa de ocupação das UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) tem subido no País. De acordo com dados do último Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, oito Estados e o Distrito Federal estão na zona de alerta crítico.

 

Enquanto o total de mortes por doenças cresceu em janeiro de 2022 no Brasil, as mortes por causas violentas também aumentaram. Aqueles óbitos em razão de homicídios, acidentes de veículos, suicídio, entre outras, aumentaram 81%, resultado da diminuição do isolamento. Na comparação de janeiro de 2020, antes do isolamento, com janeiro de 2021, houve queda de 73% das mortes violentas. “Ou seja, mesmo que indiretamente, as mortes, independente do motivo, estão ligadas diretamente a pandemia e precisamos nos unir para construirmos a partir daqui parâmetros melhores”, finaliza Bruno Quintiliano.

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