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Médico explica a polêmica envolvendo a proibição dos “chips da beleza”

Para especialista, assunto envolve pontos negativos e positivos para a saúde

Há pouco mais de uma semana, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) anunciou a proibição dos implantes hormonais conhecidos popularmente como “chip da beleza”. Essa decisão impacta diretamente a saúde de milhares de mulheres no Brasil, especialmente aquelas na menopausa, que frequentemente recorrem a esses implantes. De acordo com o médico intensivista e nutrólogo José Israel Sanchez Robles, a medida foi tomada após pedidos de diversas sociedades médicas, que apontaram os riscos significativos associados ao uso indiscriminado desses produtos.

“Embora não existam estudos robustos que comprovem a eficácia e a segurança dos implantes hormonais para o tratamento de sintomas da menopausa, algumas manifestações em redes sociais sugerem que as mulheres ficariam “desamparadas” em relação ao tratamento desses sintomas. Contudo, essa afirmação é incorreta. Os implantes hormonais figuram entre as abordagens menos estudadas e com menos evidências científicas em relação à eficácia e à segurança para reposição hormonal na menopausa. Em contrapartida, há alternativas mais seguras e amplamente estudadas, como o uso de gel ou adesivos transdérmicos, os quais são considerados atualmente o padrão-ouro para a terapia hormonal menopausal, com eficácia e perfil de segurança superiores.”, explica o especialista.

José Israel diz que muitos dos implantes com testosterona usados por mulheres são utilizados como anabolizantes, não havendo indicações adequadas para sua utilização, a não ser em casos específicos como no  distúrbio do desejo sexual hipoativo. “Além disso, o uso de implantes hormonais pode estar associado a uma série de efeitos adversos significativos, incluindo elevação dos níveis de colesterol e triglicerídeos, hipertensão arterial, arritmias cardíacas, risco aumentado de acidente vascular cerebral (AVC), alterações comportamentais como agressividade e distúrbios do sono.”, completa o médico.

Além disso, a impossibilidade de remoção rápida do implante em caso de efeitos adversos tornaria sua utilização ainda mais arriscada. Muitos desses dispositivos são absorvidos pelo corpo e têm duração de seis a doze meses, dificultando a interrupção do tratamento.

Ainda segundo o especialista, reposição hormonal, quando realizada de forma controlada, pode melhorar a qualidade de vida durante a menopausa. “O 17-beta-estradiol é o hormônio de escolha e está disponível em formas seguras, como gel e adesivos transdérmicos.  Embora algumas pacientes possam apresentar intolerância a esses métodos, essa ocorrência é relativamente rara se comparada ao risco elevado associado ao uso de implantes hormonais.”, reforça José Israel.

Para o médico, a proibição do “chip da beleza” pela Anvisa é uma medida que tem como objetivo proteger a saúde da mulher. A agência busca garantir que o tratamento dos sintomas da menopausa seja feito de forma segura e eficaz. 

O médico destaca que as opções terapêuticas disponíveis, quando utilizadas sob orientação médica adequada, podem proporcionar alívio dos sintomas sem os riscos que foram relacionados aos implantes hormonais. É fundamental que novas pesquisas sejam realizadas para confirmar a eficácia e segurança desses e de outros tratamentos para a menopausa, visando sempre a saúde e o bem-estar da mulher.

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