Evitar alimentos ultraprocessados pode dobrar a chance de emagrecer; entenda
Pesquisa publicada na Nature Medicine aponta que priorizar alimentos minimamente processados traz benefícios consistentes
Evitar alimentos ultraprocessados pode ser mais eficaz para emagrecer do que apenas seguir as diretrizes nutricionais tradicionais. É o que aponta um estudo publicado na revista Nature Medicine, o maior e mais longo ensaio clínico já realizado sobre o tema. A pesquisa acompanhou 55 adultos com sobrepeso ou obesidade por dois períodos de oito semanas, alternando dietas compostas majoritariamente por alimentos minimamente processados — como frango, macarrão caseiro e vegetais frescos — e ultraprocessados considerados “saudáveis”, como lasanhas congeladas, cereais matinais e shakes prontos.
O estudo apresentou resultados expressivos: a perda média de peso foi de aproximadamente 1,8 kg entre os participantes que seguiram uma dieta composta por alimentos minimamente processados, em comparação a 0,9 kg observados no grupo que consumiu alimentos ultraprocessados. “Esse achado evidencia que o grau de processamento dos alimentos exerce influência direta tanto sobre a resposta metabólica quanto sobre a sensação de saciedade”, afirma o médico nutrólogo e intensivista Dr. José Israel Sanchez Robles.
Além da diferença no peso, os participantes perderam mais do que o dobro de gordura corporal com a dieta baseada em produtos minimamente processados. Segundo o médico, isso pode estar ligado à menor densidade calórica e à necessidade de maior mastigação.“Alimentos que demandam maior tempo de mastigação tendem a promover saciedade de forma mais precoce, contribuindo para a redução da ingestão calórica excessiva”, afirma José Israel.
O estudo também revelou menor incidência de desejos alimentares durante o consumo de refeições pouco processadas. Para o especialista, essa constatação é relevante. “O controle dos impulsos alimentares representa um dos maiores desafios para a manutenção do peso corporal a longo prazo. A adoção de uma dieta composta por alimentos menos processados pode auxiliar no processo de reeducação do paladar, além de contribuir para a redução do apetite não fisiológico.”
O Dr. José Israel ressalta que o ideal é reduzir progressivamente a frequência do consumo de alimentos de baixa qualidade nutricional, priorizando preparações caseiras ou produtos com rótulos curtos, compostos por ingredientes de fácil reconhecimento. “A adoção de estratégias de redução de danos já representa um avanço significativo para a saúde”, afirma.
Apesar dos benefícios apontados, o médico reforça a importância de que as pessoas busquem acompanhamento profissional como parte de um estilo de vida saudável. “Evidências científicas associam o elevado consumo de alimentos ultraprocessados a dificuldades no controle do peso e a um maior risco de desenvolvimento de doenças crônicas. Esses dados reforçam a necessidade de mudanças no padrão alimentar da população e comprovam que a ingestão de alimentos frescos ou com o mínimo possível de processamento e aditivos contribui para uma melhor qualidade de vida. Ainda assim, o acompanhamento médico permanece como uma necessidade indispensável”, conclui.