Entenda a ginecomastia masculina, aumento mamário em homens é mais comum e complexo do que se imagina
Condição afeta até metade dos homens e é frequentemente tratada como tabu exige avaliação médica adequada
O aumento do volume torácico em homens, popularmente conhecido como “peito masculino” ou “man boobs”, é motivo frequente de constrangimento e, muitas vezes, alvo de bullying. No entanto, a condição também gera preocupação legítima nos consultórios médicos. O termo técnico para o quadro é ginecomastia, que pode afetar entre 30% e 50% dos homens em alguma fase da vida. De acordo com o médico nutrólogo e intensivista Dr. José Israel Sanchez Robles, “trata-se de uma condição comum, mas ainda cercada por desinformação e sentimento de vergonha. Muitos pacientes chegam constrangidos, acreditando que se trata apenas de acúmulo de gordura, quando, na realidade, há tecido mamário envolvido”.
A ginecomastia verdadeira se diferencia da chamada pseudoginecomastia, em que há apenas acúmulo de gordura na região peitoral. Na forma real, ocorre crescimento do tecido glandular mamário, geralmente relacionado a desequilíbrios hormonais, envelhecimento ou uso de certos medicamentos. “A ginecomastia pode ocorrer quando há uma redução nos níveis de testosterona ou um aumento relativo de estrogênio no organismo. Essa alteração hormonal pode levar ao crescimento do tecido mamário, uma vez que os homens também possuem glândulas mamárias, embora em estado funcionalmente inativo”, explica o médico.
Embora a condição seja, na maioria das vezes, benigna, nem todo aumento é inofensivo. “A presença de dor, secreção, nódulo endurecido ou assimetria significativa na região torácica masculina deve ser avaliada por um médico, com apoio de exames de imagem. Embora raro, o câncer de mama em homens é uma possibilidade real e precisa ser considerada no diagnóstico diferencial”, alerta o Dr. Robles.
O tratamento depende da causa. Em casos leves, mudanças no estilo de vida, perda de peso e ajuste de medicamentos podem resolver. Já quando há persistência ou desconforto significativo, tratamentos cirúrgicos ou hormonais podem ser indicados. “Cada caso deve ser avaliado de forma individualizada. O mais relevante no manejo clínico da ginecomastia é identificar a causa subjacente do aumento do volume mamário — e não limitar a abordagem à queixa estética”, reforça o especialista.
Além do aspecto físico, há impacto emocional relevante. “A ginecomastia pode impactar significativamente a autoestima e o convívio social. Muitos homens evitam tirar a camisa em público, deixam de frequentar academias ou ambientes como praias e clubes por vergonha. Por isso, além da abordagem clínica, é fundamental considerar os efeitos psicológicos da condição”, conclui o Dr. José Israel Sanchez Robles.
Ao final, a orientação médica é direta: nem todo aumento no volume torácico masculino se deve apenas ao acúmulo de gordura. Compreender as causas, buscar avaliação especializada e adotar uma abordagem integrada — que considere corpo e mente — são passos fundamentais para restaurar a saúde e a autoconfiança.
