Implantes de silicone sofre queda e sai do 1º para 5º lugar no ranking de cirurgias plásticas mais feitas no mundo
Considerado a cirurgia plástica mais feita no mundo em 2021, o implante de prótese de silicone sofreu queda e neste ano ficou na 5º colocação no ranking, segundo a pesquisa da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (ISAPS). Os três primeiros colocados do levantamento, realizado por meio de dados coletados de cirurgiões plásticos de todo mundo, são: rinoplastia, cirurgia de pálpebra e lifting de rosto.
Com mais de 193 mil procedimentos apenas no Brasil, o silicone é indicado para pessoas que desejam mamas mais proporcionais e harmônicas após passarem por doenças ou por questões estéticas. A cirurgia de implantação tem duração de 1 a 2 horas e a paciente pode retornar às atividades em até duas semanas.
Para o médico cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Dr Fernando de Nápole, essa queda no número de implantações de silicone pode ter relação com as sequelas da Covid-19. “A pandemia do coronavírus trouxe um processo inflamatório sistêmico mesmo após a sua ‘cura’. Isso provoca um maior acúmulo de líquido, vasculites com necrose de pele e, consequentemente, rejeição das próteses, o que desestimula as pacientes a procurarem o procedimento. As evidências na minha prática apontam para isso, mas precisamos aguardar mais dados científicos para apontar uma causa”, explica o médico.
Além das sequelas, a falta de acompanhamento médico pós-implantação da prótese faz com que pacientes retornem ao centro médico com complicações nas mamas por não terem trocado a prótese no tempo correto. Fator que, segundo o médico, também provoca uma desistência em pacientes que desejam aderir ao implante.
“Os implantes de silicone são próteses pré-fabricadas e não são totalmente biocompatíveis, o que significa que em algum momento da vida precisará ser trocado. Infelizmente, a falta de acompanhamento médico anual e falta de realização de exames de ultrassonografia das mamas tem feito com que pacientes cheguem até nós com graus avançados de contratura capsular (rejeição) das próteses, o que torna o sucesso da cirurgia secundária menor. Os médicos e as pacientes têm adiado a retirada ou troca desses implantes até que cheguem em situações críticas. É necessário combater essa ideia de que o implante é vitalício ou permanente”, afirma Nápole.
Outro ponto a ser destacado são os valores das próteses que sofreram um aumento entre 40% a 50% durante esses dois anos e meio de pandemia. De acordo com Fernando Nápole, o único fornecedor do silicone colocado dentro das próteses enfrenta uma escassez de produção em meio a procura pelo produto. Além disso, houve uma alta inflacionária de produtos importados e nacionais, aumentos que precisaram ser repassados aos pacientes.
“De toda forma, acredito que iremos superar tudo isso por se tratar de uma cirurgia que traz grandes benefícios as pacientes, desde que respeitadas suas possíveis intercorrências”, ressalta o cirurgião plástico, Doutor Fernando de Nápole, que atende no Órion Business & Health Complex, no setor Marista, em Goiânia.