“Hormônio do estresse”: entenda como funciona o cortisol no corpo e na saúde
A influência de emoções intensas pode levar a alterações no corpo, como níveis desequilibrados de glicose, pressão arterial e imunidade, quando ocorre intoxicação por cortisol. Quem explica sobre esse hormônio, que é conhecido como “hormônio do estresse” e é produzido naturalmente pelo organismo como parte de um mecanismo de defesa contra situações ameaçadoras, é o médico intensivista e nutrólogo José Israel Sanchez Robles.
“Essas alterações ocorrem a nível fisiológico que compromete a homeostase do corpo, pois o cérebro frequentemente reage de forma exagerada, elevando os níveis de cortisol em resposta a preocupações que nem sempre se concretizam. Esse aumento crônico de cortisol pode levar a diversos problemas de saúde, como os mencionados anteriormente, incluindo hipertensão, diabetes e disfunções imunológicas”, diz José Israel.
Apesar disso, o médico lembra que o cortisol desempenha diversas funções cruciais no organismo, medindo a resposta ao estresse, regulando o metabolismo, a inflamação e o sistema imunológico. “A liberação de cortisol ocorre em momentos de risco percebidos pelo organismo, elevando temporariamente a pressão arterial e a glicose no sangue, como parte de um antigo mecanismo de sobrevivência. No entanto, as mudanças no estilo de vida atual resultam em liberação excessiva de cortisol em situações estressantes não relacionadas a perigos iminentes. Essa secreção crônica pode acarretar diversas consequências negativas para a saúde, incluindo hipertensão, hiperglicemia, disfunções imunológicas e um aumento do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas”, reforça o especialista.
Embora o cortisol desempenhe um papel importante no metabolismo, sistema imunológico e resposta ao estresse, a ideia de um desequilíbrio hormonal como causa de sintomas comuns, como ganho de peso, ansiedade e fadiga, nem sempre é verídica. “Distúrbios graves relacionados aos níveis de cortisol no sangue são raros, como a doença de Cushing, caracterizada por concentrações prolongadas e elevadas de cortisol no organismo. Esta condição pode resultar em sintomas como obesidade central, hipertensão, hiperglicemia e fraqueza muscular. Por outro lado, a insuficiência adrenal é uma condição relacionada à produção inadequada de cortisol, resultando em sintomas como fadiga crônica, fraqueza, hipotensão e hipoglicemia. Ambas as condições necessitam de diagnóstico e tratamento médicos especializados para a gestão eficaz dos níveis hormonais e mitigação dos sintomas associados”, pontua o médico.
Para evitar essa intoxicação por cortisol, situações como o estresse crônico devem ser tratadas, porém correlacionar esses níveis com o diagnóstico de estresse é complexo. “A liberação de cortisol segue um ciclo circadiano, com níveis mais altos pela manhã e gradualmente diminuindo ao longo do dia. Exames de sangue, embora úteis, não são diagnósticos definitivos de distúrbios hormonais. A interpretação dos resultados desses exames deve ser realizada por profissionais qualificados, que consideraram uma variedade de fatores clínicos e contextuais para estabelecer um diagnóstico adequado. Esta abordagem abrangente é essencial para diferenciar entre variações normais do ciclo circadiano e possíveis disfunções hormonais”, avalia José Israel.
O médico reforçou, ainda, que as informações divulgadas sobre o cortisol devem ser analisadas com cautela, visto que diagnósticos generalizados podem não refletir a realidade. “A ciência por trás dos distúrbios hormonais é complexa e individualizada, exigindo avaliação médica especializada em casos de sintomas persistentes e alarmantes. Diante de sinais como ganho de peso significativo, hipertensão e outros sintomas específicos, é fundamental buscar orientação médica qualificada para uma investigação detalhada e tratamento adequado. A avaliação médica especializada permite uma abordagem personalizada, essencial para o manejo eficaz dos distúrbios hormonais e a promoção da saúde e bem-estar do paciente”, concluiu.