Saúde

Dois avanços da medicina devem mudar a vida de quem tem diabetes; entenda

Nos últimos dias, dois avanços da medicina trouxeram boas novidades para quem sofre de diabetes. O primeiro, foi a terapia celular aprovada para a doença na agência reguladora de tratamentos médicos nos Estados Unidos, que pode fazer com que o corpo consiga uma forma alternativa de produzir insulina. O segundo é a aplicação de insulina uma vez por semana, já que atualmente o diabético precisa desse processo todos os dias.

 

Em relação à terapia celular para pessoas com diabetes tipo 1, trata-se de algo inédito, um procedimento chamado donislecel que consiste no implante de grupos de células maduras do pâncreas, extraídos de cadáveres, na veia porta do fígado dos pacientes. O médico nutrólogo e intensivista José Israel Sanchez explica que isso funciona como uma fábrica alternativa de insulina, o hormônio que faz o açúcar ser utilizado pelo corpo, que não é produzido pelo diabético e, consequentemente, faz com que o corpo não consiga utilizar a glicose adequadamente.

 

“A tecnologia do procedimento torna as ilhotas, que é o grupo de células produtoras de insulina, mais purificadas, permitindo que sejam usadas menos unidades do que fora testado em outras pesquisas e garantindo maior segurança ao método”, explica o médico.

 

Ainda sobre essa terapia celular, o principal estudo clínico incluiu 30 pessoas adultas com diabetes tipo 1 que tinham grande descontrole da glicose e recorrentes hipoglicemias graves. Destas 30 pessoas estudadas, 25 pararam de utilizar insulina em algum momento, variando de um a mais de cinco anos sem o medicamento. Apenas cinco pessoas não suspenderam o uso do hormônio. Resultados significativos.

 

Vale lembrar que o diabetes tipo 1 representa cerca de 10% dos casos de diabetes existentes, sendo uma doença autoimune em que o sistema imunológico destrói as células produtoras de insulina e o paciente fica dependente de injeções do hormônio. 

 

“Nos Estados Unidos, a indicação da terapia celular será, a princípio, para pessoas adultas, com diabetes tipo 1 e que estão com descontrole glicêmico e, ao mesmo tempo, apresentam vários episódios de hipoglicemia valendo-se do tratamento convencional”, pontua José Israel, completando que é precoce afirmar que tais pacientes estão curados, e que não se sabe quando o tratamento estará disponível de forma comercial e qual será seu custo. 

 

“Não há informações sobre a aprovação da terapia celular pela Anvisa no Brasil, mas não deixa de ser um dos maiores avanços na história do diabetes”, afirma o especialista.

 

Em relação ao outro avanço, mais próximo da realidade de diabéticos, é a insulina uma vez a cada sete dias. Novidade vem há pouco mais de 100 anos da invenção do medicamento que mudou a história do diabetes, salvando milhões de vidas, mas que depende de injeções diárias. “Agora, com a chegada da insulina semanal, um dos maiores destaques do congresso da Associação Americana de Diabetes, o número de picadas para domar a glicose no sangue cai de 365 para 52 ao ano”, diz José Israel. 

 

Novidade traz mais conforto e comodidade para o paciente diabético. As informações foram divulgadas após resultados de estudos apresentados que revelaram que o produto é superior às versões diárias com a mesma indicação. “Isso é algo que deve afetar positivamente a vida de mais de 16 milhões de brasileiros que convivem com a doença no país”, reforça o médico.

 

O nome da medicação é Icodeca e foi formulada pelo laboratório dinamarquês Novo Nordisk depois de anos de pesquisa. Segundo José Israel, o medicamento foi feito após uma  modificação química na molécula da insulina basal, a substância obtida que está apta a atuar no organismo durante sete dias, tendo ação idêntica à do hormônio natural.

 

A pesquisa envolveu 1.510 pessoas com diabetes tipo 2, versão da doença que corresponde a 90% dos casos e está associada ao avançar da idade, ao ganho de peso e má qualidade de vida. Todos os pacientes tiveram bons resultados com o experimento e a novíssima insulina já foi submetida às agências regulatórias que analisam e aprovam a liberação de fármacos em diversos países, incluindo o Brasil. “A expectativa é de que a insulina semanal chegue às farmácias até 2025”, avaliou José Israel.

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