Alta dos aluguéis em Goiânia de 10,4% em um ano expõe disputa entre mercado aquecido e necessidade de equilíbrio contratual
Nova Suíça lidera a alta com 32% de valorização. Advogado especialista em Direito Imobiliário, Diego Amaral explica fatores por trás da disparada e orienta cuidados em contratos para evitar litígios
O preço do aluguel em Goiânia disparou no último ano e tem pesado no bolso de quem busca um imóvel na Capital. Segundo dados do Índice FipeZAP de Locação Residencial, a cidade registrou alta média de 10,4% nos últimos 12 meses, superando a inflação do período e acompanhando a tendência de valorização dos grandes centros urbanos.
Entre os bairros com maior variação, o Nova Suíça foi o que mais chamou a atenção, com elevação de 32% e valor médio chegando a R$ 32,70 por metro quadrado. Isso significa que um apartamento de 50 m² já ultrapassa R$ 1,6 mil na região, que tem atraído moradores pela localização estratégica e oferta crescente de serviços. Outro destaque foi o Setor Central, que acumulou alta de 22,2%, seguido pelo Setor Aeroporto (19%).
Áreas tradicionalmente valorizadas também registraram aumentos expressivos. O Jardim América subiu 19,9% e o Setor Bueno, 11,6%, alcançando um dos maiores valores de locação: R$ 51,8 por metro quadrado.
No topo da lista, o Setor Marista continua sendo o bairro mais caro de Goiânia, com média de R$ 64,3/m², mesmo com crescimento moderado de 10,7%. O Jardim Goiás aparece na sequência, com R$ 56,5/m² (+8,1%), e o Setor Oeste, com R$ 41,7/m² (+10,6%). Já o Setor Leste Universitário apresentou alta mais discreta, de 5,8%, chegando a R$ 36,7/m².
De acordo com o advogado especialista em Direito Imobiliário, Diego Amaral, fatores de mercado e jurídicos explicam esse movimento. “O centro vem ganhando incentivos importantes, como a isenção de IPTU para moradores, além de novos empreendimentos que buscam revitalizar a região. A localização estratégica, com acesso facilitado a diferentes áreas da cidade, também aumenta a atratividade”, analisa. No caso do Nova Suíça, a combinação de lançamentos recentes e custo-benefício competitivo em relação a bairros mais nobres, como Marista e Bueno, tem impulsionado a demanda.
A valorização, no entanto, gera desafios na relação entre proprietários e inquilinos. Amaral ressalta que os contratos de locação podem prever limites para reajustes, garantindo mais segurança às partes. “Essas altas não decorrem, necessariamente, de revisões de contratos em andamento, mas de novos contratos, que já são assinados considerando o valor de mercado. Ainda existem locações antigas com preços menores, mantidos até o fim do prazo contratual”, explica.
O advogado reforça que o bom senso é essencial na hora de negociar reajustes. “Não adianta impor um aumento que o locatário não consiga pagar. O imóvel vazio pode gerar prejuízo maior para o proprietário. O equilíbrio e a conversa são sempre a melhor solução”, destaca.
A disparada dos preços também pode resultar em conflitos judiciais, principalmente quando os aumentos são considerados abusivos. Nesses casos, ações baseadas na Lei do Inquilinato, como revisões ou renovações de contratos, tornam-se alternativas. Para prevenir problemas futuros, o especialista recomenda cautela na assinatura dos acordos. “O ideal é que os contratos tenham prazos mais curtos, permitindo reavaliações periódicas que acompanhem a realidade do mercado e evitem litígios”, orienta.
De janeiro a julho de 2025, a alta acumulada do aluguel em Goiânia chegou a 7,27%, sinalizando que a pressão sobre os preços deve continuar até o fim do ano. Para investidores, o movimento representa oportunidade de maior rentabilidade. Já para inquilinos, a orientação é redobrar os cuidados ao assinar contratos e sempre comparar valores antes de fechar negócio, sob pena de comprometer o orçamento familiar.