Com ou sem sal?
Dizemos que as pessoas pouco interessantes são “sem sal”. Será que poderíamos dizer que as exageradas são muito salgadas?
As pessoas sem sal são aquelas mornas, insossas, que não fazem diferença, apenas fazem número. As salgadas são as que chegam chegando e tomam conta do ambiente, muitas vezes até demais. Riem alto, ocupam todo o espaço e geralmente não se dão conta de que passam por cima das outras.
É curioso perceber que todos nós temos nossa própria dose de sal. Até nossos excrementos são salgados: o suor, as lágrimas, o sangue e, dizem, as fezes e a urina também.
Mas qual seria a justa medida?
Os bons cozinheiros diriam que é aquela onde não há sal demais, nem de menos. Eles são como artistas, sabem dar a sublime pitada. Há aqueles que colocam, inclusive, uma de açúcar para realçar o prato salgado ou uma de sal no doce confeccionado. Tudo com o intuito de evidenciar o sabor.
E como podemos realçar o nosso próprio sabor?
Com a presença. Presença no próprio corpo, no espaço e no tempo. Foco no que acontece aqui e agora, sem nos conectarmos demais com o que já passou ou com o que ainda está por vir. E isso pede ação. O exercício de estar no próprio corpo e não na expectativa do olhar do outro; a prática de estar presente no local onde estamos no momento e não conectados no WhatsApp ou em outra rede social; o desafio de estarmos presentes em tempo real, pois o minuto passado já se foi e temos o presente, já que o futuro ainda não chegou.
Enfim, com a presença dosamos a cada momento nossa pitada particular de sal e somos artistas da nossa própria vida, como os bons cozinheiros que sabem o que fazem com os ingredientes que a vida lhes dá!