Tirzepatida: ANVISA aprova novo medicamento para obesidade com resultados superiores em perda de peso
Substância já usada para diabetes mostra eficácia em reduzir até 22,5% do peso corporal; especialista explica mecanismo de ação e cuidados necessários
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou nesta segunda-feira (10) o uso da tirzepatida (Mounjaro®) para tratamento da obesidade no Brasil. A substância, já aprovada para diabetes tipo 2, agora pode ser prescrita para adultos com IMC ≥30 ou ≥27 (com comorbidades como hipertensão ou diabetes), marcando um avanço significativo no manejo da doença.
Eficácia comprovada em estudos globais
A decisão foi baseada nos estudos SURMOUNT, que acompanharam mais de 20 mil pacientes. Os resultados mostraram perda média de 22,5% do peso corporal em 72 semanas – desempenho 47% superior ao da semaglutida, outro medicamento da classe.
Para o Dr. José Israel Sanchez Robles, nutrólogo e intensivista, a aprovação é um marco: “A tirzepatida demonstrou eficácia expressiva em estudos clínicos randomizados, evidenciando perdas de peso significativas e sustentadas. Com base nesses resultados, o fármaco passa a contar com respaldo legal para sua prescrição em pacientes com obesidade e comorbidades”.
Mecanismo inovador, mas com cuidados
O especialista explica o diferencial do medicamento: *”Sua ação dual nos receptores GLP-1 e GIP potencializa a saciedade e controla o apetite, sendo especialmente relevante para pacientes com ‘efeito sanfona'”*. Porém, adverte: “Embora seja uma ferramenta potente, deve ser usada exclusivamente sob prescrição médica, integrada a mudanças de estilo de vida e monitoramento contínuo”.
Disponível em doses de 2,5mg e 5mg (aplicação semanal), o tratamento exige acompanhamento devido a possíveis efeitos adversos como náuseas e, raramente, pancreatite. “O uso indiscriminado pode acarretar riscos, reforçando a necessidade de supervisão médica qualificada”, conclui Dr. José Israel.
A aprovação oferece novas perspectivas para o controle da obesidade, doença que afeta 26,8% dos brasileiros (Vigitel 2023), mas reforça a importância da abordagem multidisciplinar no tratamento.