Novo medicamento aprovado no Brasil para diabetes tipo 2 com benefícios para perda de peso deve chegar em breve; entenda
Mounjaro foi liberado pela Anvisa e, apesar de não ter data para chegar às farmácias, é considerado ainda melhor do que o Ozempic; entenda
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já aprovou o uso do medicamento Mounjaro (tirzepatida) para o tratamento do diabetes mellitus tipo 2 que, como muitos já sabem, tem grandes benefícios para a perda de peso. A expectativa é de que o medicamento comece a circular de forma legal no Brasil em breve, apesar de não haver data correta.
Desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, o fármaco representa uma inovação terapêutica ao atuar simultaneamente sobre dois hormônios essenciais para o controle da glicemia: o GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose) e o GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1). Quem explica melhor é o médico nutrólogo e intensivista José Israel Sanchez Robles.
“A tirzepatida atua no organismo por meio da estimulação da secreção de insulina de forma glicose-dependente, inibição da produção de glucagon—o que contribui para a redução da glicemia—, retardamento do esvaziamento gástrico e indução da saciedade. Esses mecanismos não apenas otimizam o controle glicêmico, mas também favorecem a perda ponderal, um benefício adicional particularmente relevante para pacientes com diabetes mellitus tipo 2 e obesidade. A recente aprovação dessa terapia representa um avanço significativo no manejo da doença, especialmente para indivíduos com resistência insulínica e excesso de peso associado”, explica o especialista.
Além disso, estudos clínicos indicam que o uso da tirzepatida pode resultar em uma redução média de até 22,5% do peso corporal após 72 semanas de tratamento, resultados comparáveis aos da cirurgia bariátrica, que varia entre 25% e 30% no mesmo período. “A tirzepatida (Mounjaro) demonstra superioridade em eficácia e efetividade em comparação com outros agonistas do receptor de GLP-1, como a semaglutida (Ozempic), devido ao seu mecanismo de ação dual, que envolve tanto o GLP-1 quanto o GIP. Essa característica permite uma atuação em múltiplas vias metabólicas, resultando em um controle glicêmico mais robusto e uma maior redução do peso corporal, conforme evidenciado em estudos clínicos comparativos.”
José Israel reforça, porém, que apesar dos benefícios, o medicamento não é isento de efeitos colaterais. “Os efeitos adversos mais comuns incluem náuseas, diarreia, vômitos e desconforto abdominal, sintomas gastrointestinais geralmente transitórios e dose-dependentes. Além disso, há risco de hipoglicemia, particularmente quando associada a outros agentes hipoglicemiantes, como insulina ou sulfonilureias. A administração é realizada por via subcutânea, uma vez por semana, e seu uso deve ser monitorado por um médico especialista para ajuste de dose e manejo adequado dos possíveis eventos adversos”, pontua o médico.
Conforme destacado por especialistas, a aprovação da Mounjaro no Brasil representa um avanço significativo no arsenal terapêutico para pacientes com diabetes mellitus tipo 2, proporcionando uma alternativa que alia melhor controle glicêmico e redução ponderal. No momento, a medicação ainda não está amplamente disponível no mercado nacional, sendo acessível apenas por meio de importação legalizada em casos específicos. No entanto, há relatos de comércio irregular, o que reforça a necessidade de orientação médica e aquisição por vias regulamentadas para garantir segurança e eficácia no tratamento..
“É fundamental enfatizar que a decisão entre o uso de terapias farmacológicas, como a tirzepatida, e a cirurgia bariátrica deve ser individualizada, levando em consideração as características clínicas, comorbidades e necessidades específicas de cada paciente. A aprovação dessa nova opção terapêutica amplia as estratégias disponíveis para o manejo do diabetes mellitus tipo 2, proporcionando aos médicos e pacientes brasileiros mais uma ferramenta no controle da doença e de suas complicações. Esse avanço reforça a importância de um tratamento personalizado e multidisciplinar, integrando abordagens médicas, nutricionais e comportamentais para melhores desfechos clínicos”, conclui José Israel.