Sem categoria

Geração Z impulsiona queda no consumo de bebidas alcoólicas pela saúde e bem-estar

Preocupação com saúde e imagem nas redes impulsiona mercado de opções sem álcool

A Geração Z está liderando uma transformação significativa nos hábitos de consumo de bebidas, desafiando a indústria do álcool em escala global. No Brasil, dados revelam que quase metade dos jovens entre 18 e 24 anos não consomem bebidas alcoólicas, enquanto 20% bebem no máximo uma vez por mês. Essa mudança reflete uma nova mentalidade, que prioriza bem-estar e autocuidade.

Para o médico nutrólogo e intensivista Dr. José Israel Sanchez Robles, a saúde é um fator central nessa tendência. “Observa-se uma crescente conscientização entre os jovens quanto aos efeitos nocivos do consumo de álcool, incluindo hepatotoxicidade, aumento de peso corporal e comprometimento das funções cognitivas. Essa mudança de comportamento reflete uma busca por um estilo de vida mais equilibrado, com maior ênfase na adoção de hábitos alimentares saudáveis e na prática regular de atividades físicas.”, explica.

Além disso, a influência das redes sociais molda as escolhas dessa geração. “Há uma tendência crescente entre os jovens de evitar comportamentos que possam resultar em exposição negativa nas redes sociais, como excessos em eventos sociais. A cultura digital contemporânea tem promovido uma maior autocobrança quanto à preservação da imagem pública, influenciando diretamente escolhas e atitudes no âmbito pessoal e social.”, complementa o especialista.

O mercado já responde a essa demanda. No Brasil, as vendas de cervejas 0,0% dispararam de 133 milhões de litros em 2018 para 752 milhões em 2024, com expectativa de alcançar 1 bilhão até 2025. Grandes players como Ambev e Heineken têm investido pesado em versões sem álcool, enquanto bares e cervejarias artesanais expandem opções como mocktails e cervejas especiais.

Segundo José Israel, a indústria está se adaptando a um novo perfil de consumidor. “A indústria tem reconhecido a necessidade de adaptar suas estratégias de mercado, compreendendo que o modelo tradicional de consumo não atende mais às demandas do público jovem. Este grupo busca alternativas que estejam alinhadas ao seu estilo de vida mais saudável, sem, contudo, renunciar ao paladar e à vivência social associada ao consumo.”

O futuro do setor, destaca ele, passa por produtos inovadores. “A tendência atual não se resume à exclusão do álcool, mas à valorização de bebidas que ofereçam algum benefício adicional, seja por meio de ingredientes funcionais ou pela redução calórica.” E os impactos vão além do mercado: “A diminuição da ingestão alcoólica entre os jovens pode representar, a longo prazo, uma geração menos exposta a doenças hepáticas, cardiovasculares e à dependência química.”

Com a Geração Z no comando, a revolução sóbria não é apenas uma moda passageira – é uma mudança cultural que está reescrevendo as regras do consumo.

Deixe um comentário