Saúde

Médico explica como cannabis medicinal ajuda contra câncer, convulsão, depressão e até animais

Não é surpresa pra ninguém que um tipo de planta da mesma família que dá origem à maconha esteja salvando muitas vidas. O responsável por isso é a cannabis, que gera muitas formas medicinais, de acordo com a combinação de substâncias e que tem sido usado para tratamentos contra câncer, convulsão, depressão e até para ajudar animais de estimação. Mas a falta de conhecimento sobre como isso acontece e o preconceito contra o tema ainda é uma barreira.

 

Por isso, o médico nutrólogo e intensivista, Dr José Israel Sanchez Robles, explica a importância da informação correta sobre o assunto chegar até o máximo de pessoas. “Este é um ano chave para a indústria da cannabis e a expectativa é de que a pauta finalmente receba a atenção que merece, tanto por parte das pessoas quanto por parte das empresas e dos políticos”, introduz o especialista. 

 

“É muito importante que os benefícios que essa planta pode trazer cheguem ao máximo número de pessoas. Pesquisas já provaram que o câncer, por exemplo, uma das doenças que mais causa mortes e que atingirá cerca da metade de homens e um terço de mulheres nos próximos anos, pode ter o cannabis no seu arsenal terapêutico, que atua de forma benéfica no alívio sintomas da quimioterapia, além de tratar a ansiedade que pode estar associada”, afirmou o médico.

 

De acordo com José Israel, estudos mostram que o cannabis diminui o amplo espectro de células tumorais por meio de vários mecanismos. “Há, ainda, pesquisas que apontam os canabinóides como supressores dos tumores, outros apontam ação anti-inflamatória que bloqueia o sistema de resposta do corpo ao câncer. Com isso, pode haver, até mesmo, a redução do crescimento tumoral de certos tipos da doença”, completa. 

 

Além de ajudar contra o câncer na doença ou prevenção, o especialista lembra que o THC, como é conhecida a molécula mais psicoativa da cannabis, atua como relaxante muscular e anti-inflamatório. “Daí a produção de óleos com efeitos anticonvulsivos, anti-inflamatórios, antidepressivos e até anti-hipertensivos. Esses produtos também são usados como analgésico e estímulo para aumentar o apetite”, pontuou José Israel.

 

Até em animais a cannabis já provou ser eficiente. Desde 2020, por exemplo, a associação INDICA (Inclusão, Diversidade e Cannabis) de São Paulo decidiu focar seu atendimento nos bichos de estimação. O órgão já conseguiu ajudar mais de 2 mil animais, de todas as regiões do Brasil, a aliviar a dor, diminuir a ansiedade, reduzir problemas gastrointestinais e convulsões em cães e gatos. 

 

A Cannabis Medicinal, que foi reclassificada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e incluída na lista das drogas que têm propriedades medicinais reconhecidas, está liberada pela ANVISA desde o ano de 2015. Ainda no Brasil, São Paulo é o estado brasileiro com mais autorizações para importar o medicamento. Além disso, um projeto do estado, pode até mesmo disponibilizá-lo pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

 

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sancionou, na última semana, uma lei que autoriza a distribuição gratuita de medicamentos à base de canabidiol na rede pública de saúde do estado e que pode até mesmo disponibilizá-lo pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

 

Já em Goiás, a Universidade Evangélica do estado (UniEVANGÉLICA) iniciará, em fevereiro de 2023, estudos com dois extratos da cannabis, o canabidiol e o tetrahidrocanabinol em parceria com a Associação Goiana de Apoio e Pesquisa à Cannabis Medicinal (AGAPE).

 

“Apesar destas evidências in vitro e in vivo, e das expectativas positivas que vemos sobre a expansão deste composto no mundo e no Brasil, sabemos que somente após a legalização e flexibilização do uso derivados da cannabis na medicina é que serão abertas inúmeras e verdadeiras possibilidades para pesquisas e tratamentos cada vez mais eficientes com estes fármacos”, reforçou Dr José Israel.

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