Saúde

Distúrbios do sono podem estar ligados à obesidade, apontam especialistas

Um estudo recente publicado na revista científica Sleep Medicine revelou descobertas intrigantes sobre a relação entre distúrbios do sono e obesidade. Pesquisadores de renome internacional investigaram a ligação entre padrões de sono inadequados e o ganho de peso. Dentro disso, outra pesquisa, esta da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostrou que 72% da população já sofre de doenças relacionadas ao sono, a insônia sendo a principal delas, o que coloca a maioria das pessoas em risco de desenvolver obesidade.

 

O médico intensivista e nutrólogo José Israel Sanchez Robles explica que a primeira pesquisa sugere que tais distúrbios, como insônia e apneia do sono, podem desempenhar um papel significativo no aumento da probabilidade de uma pessoa desenvolver obesidade.

 

“Pesquisadores conduziram análises longitudinais em uma extensa amostra de participantes ao longo de múltiplos anos, identificando correlações importantes entre a qualidade do sono e o índice de massa corporal. Observou-se que indivíduos com distúrbios do sono apresentaram uma propensão significativamente maior ao ganho de peso e ao desenvolvimento de obesidade em comparação com aqueles que desfrutavam de um padrão de sono reparador e regular”, resumiu.

 

O especialista ainda reforça que a ligação entre distúrbios do sono e obesidade pode ser atribuída a vários fatores inter-relacionados. “A privação do sono pode desencadear desregulações hormonais que estimulam o apetite e reduzem a sensação de saciedade, resultando em um aumento na ingestão calórica. Além disso, a sonolência diurna decorrente de distúrbios do sono pode diminuir a motivação para a prática de atividade física, promovendo um estilo de vida sedentário”, pontuou.

 

“À medida que os pesquisadores desenvolvem abordagens terapêuticas voltadas para aprimorar a qualidade do sono, cada indivíduo pode contribuir de sua maneira para melhorar suas horas de descanso noturno”, afirma José Israel. Confira as dicas sugeridas pelo médico:

 

O consumo de álcool deve ser evitado, pois, embora possa induzir a sonolência, prejudica a qualidade do sono, interferindo em sua arquitetura.

Investir na saúde mental é crucial, porém, é importante considerar que a insônia pode ter origens físicas, relacionadas a hábitos de vida e uso de medicamentos. Recomenda-se investigar essas possíveis causas.

A prática regular de atividade física pode ser benéfica para o sono, mas é aconselhável evitar exercícios intensos realizados após as oito da noite, para não estimular excessivamente o corpo antes de dormir.

Desligar dispositivos eletrônicos pelo menos meia hora antes de dormir é recomendado para evitar estímulos visuais e sonoros que possam interferir no sono. Prefira atividades relaxantes, como tomar um chá ou ler um livro.

Cochilos durante o dia podem ser úteis, desde que sejam curtos, com duração máxima de 10 a 25 minutos, e realizados até às duas da tarde, para não comprometer o sono noturno.

Em caso de insônia crônica ou sintomas persistentes de cansaço mesmo após uma noite completa de sono, é fundamental procurar ajuda médica para investigar o que pode ser. “Priorizar o tratamento adequado, incluindo o uso de medicamentos quando necessário, é fundamental para assegurar uma boa qualidade de sono e promover o bem-estar geral”, lembra o especialista.

 

“À medida que avançamos no entendimento da complexa interação entre sono e saúde metabólica, estas descobertas assumem um papel crucial na orientação de políticas de saúde pública e práticas clínicas. A epidemia global de obesidade, associada a uma série de doenças crônicas, requer uma abordagem multifacetada, na qual a qualidade do sono desempenha um papel significativo. Portanto, investir em estratégias para promover um sono reparador e consistente pode ser uma das medidas preventivas e terapêuticas valiosas na luta contra a obesidade e suas complicações associadas”, concluiu o médico.

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