Cidades

Salto Azul: paraquedismo e conscientização em prol da causa do autismo

Romper barreiras, ultrapassar limites e, principalmente, provar que o esporte do paraquedismo é para quem quiser se desafiar, inclusive aqueles que possuem o Transtorno Espectro Autista (TEA), esse é o objetivo do Projeto Salto Azul. A iniciativa está na sua 5ª edição e será realizada na cidade de Anápolis (GO), no próximo domingo (28), trazendo a importância da conscientização da população sobre o TEA.

O evento será a partir das 9h, na Escola de Paraquedismo Skydive Cerrado. A entrada é gratuita e os visitantes poderão acompanhar atrações como shows, apresentação de DJ, simulação de salto de paraquedas em realidade virtual, pula-pula, pipoca, algodão doce, brindes, arte interativa, pintura facial, flash tattoo, e inúmeros sorteios. Além disso, a organização do evento separou uma área de acomodação e regulação sensorial, cujo fabricante dos materiais é o mesmo que também faz grandes eventos como o Rock in Rio, que está vindo especialmente para o Salto Azul de Anápolis-GO, tudo pensado no conforto e segurança daqueles que possuem grande sensibilidade a determinados estímulos.

O Salto Azul nasceu em Goiás no ano de 2022 e é fruto da parceria entre a terapeuta ocupacional e paraquedista Rejane Damaceno e a advogada Mariana Fernandes, mestre em Direitos Humanos pela Universidade Federal de Goiás (UFG). “Apesar de toda informação circundante nas redes, a sociedade brasileira ainda sabe pouco sobre a condição do autista”, pontua Rejane. “Temos uma excelente oportunidade para promover a aceitação e a inclusão e, se o céu é o limite, posso afirmar que o SALTOAZUL desde o seu início já rompeu limites em prol da causa autista”complementa Mariana, que levou o projeto para a área de extensão da UFG em 2022.

Muitas vezes as famílias deixam de sair, de socializar, por não terem um local preparado para os seus filhos autistas, se sentem constrangidos pela troca de olhares que mais parecem “convites para se retirarem”, o que gera ainda mais medo, incerteza e insegurança e o projeto salto azul surgiu justamente para combater isso.

A terapeuta e paraquedista Rejane Damaceno destaca que “a causa não é solitária e que juntos há a real possibilidade de desenvolvimento e superação de limites, assim como no paraquedismo”.

O Salto Azul é uma rede de apoio, um espaço seguro de troca, acolhimento e conexão entre autistas, seus familiares e profissionais que trabalham em prol da causa. Momento oportuno para compartilhar histórias de desenvolvimento e superação de limites, para muito além de um salto.

Os autistas são os verdadeiros protagonistas do Salto Azul, seja no ar, no canto, na dança, na brincadeira ou na interação. Cada espaço da área é preparado com amor, afeto e acolhimento, contando com a colaboração de todos, até mesmo de outros seres, como pets, inclusive animais treinamos como terapeutas, que já marcaram presença no evento. Incluir uma pessoa que está dentro do espectro autista não é apenas ocupá-la em um espaço, mas compreender as diferenças e as diferentes formas de ocupar este espaço.

Entendemos que eles podem ser o que quiserem e não precisam de esforço para isso. O ambiente é que deve estar preparado e com a estrutura correta para recebê-los.

As idealizadoras comemoram o crescimento do evento, que está em sua 5ª edição e já passou por outro estado com duas edições em Piracicaba e Boituva, interior de São Paulo, para elas é uma alegria imensa perceber mais peças sendo encaixadas nessa causa. “Como gostamos sempre de mencionar que chegam as peças certas, pessoas engajadas em levar a causa autista para todos os lugares, inclusive levantá-la no céu. Aliás, se levarmos em consideração que ‘o céu é o limite’ o Salto Azul desde o seu surgimento já rompeu barreiras” acrescenta Mariana.

Salto representa liberdade para mães atípicas

A terapeuta Lina Cruz, mamãe e vovó atípica, topou o desafio de saltar. Ela conta que conheceu o projeto em um evento anterior e de cara sentiu o carinho e cuidado com as famílias atípicas.

“Muitas vezes famílias atípicas não têm a oportunidade de vivenciar momentos como o que o projeto proporciona. A conscientização da causa é um passo extremamente importante para diminuir preconceitos”, pontua.

Ela conta que hoje, após vivenciar muitas situações difíceis, vive a fase mais plena da maternidade, o diagnóstico do filho veio já na fase adulta, só começou a entender sobre o autismo após o nascimento do neto, e hoje como mãe e avó atípica esclarece que “consegue acompanhar de perto cada desenvolvimento tanto do filho como do neto, atualmente com 5 anos.

Lina destaca a importância de projetos que une cultura, lazer e informação, como forma de romper barreiras e superar desafios. Está ansiosa para o dia do evento que irá saltar e esclarece que o diagnostico já trouxe muita dor, e que o salto com certeza será “uma representação de se sentir livre de todas as inseguranças que o autismo já me fez sentir”, acrescenta ela.

Números atualizados em 2023

De acordo com o último relatório do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC) dos Estados Unidos, divulgado nesta quinta-feira (23/3), atualmente uma a cada 36 crianças norte-americanas de 8 anos é diagnosticada com TEA. No estudo anterior, publicado em 2021, a proporção era de 1:44.

No Brasil, ainda não há números oficiais de prevalência do TEA. Porém, quando se usa a porcentagem contida no último relatório do CDC (2,8%), tem-se uma previsão de 5,9 milhões de autistas no País.

O TEA é uma condição de saúde caracterizada por déficit na comunicação social (socialização e comunicação verbal e não verbal) e comportamento (interesse restrito e movimentos repetitivos).

Serviço

Salto Azul: paraquedismo e conscientização em prol da causa do autismo

Quando: 28/04/24 (domingo), das 9h às 12h.

Onde: Skydive Cerrado- Aeroporto de Anápolis 

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