A vida diante da morte
Vivemos como se fôssemos eternos, sem refletir sobre a nossa finitude e impermanência, sobre a nossa vulnerabilidade diante dos fatos da natureza, da saúde do corpo e das nossas relações. Não devia ser assim. Pensar a vida diante da morte pode ser uma oportunidade de viver melhor. ‘A vida diante da morte’ é um livro escrito por Melina Lobo, e uma homenagem a seu pai Antônio Dantas. Seu lançamento aconteceu no dia três de outubro deste ano, na Livraria Nobel, do Shopping Bougainville. Na ocasião, a escritora recebeu convidados e a imprensa.
“O lançamento do livro foi um sucesso, recebi muitos amigos, abraços e muito choro e emoção. As crônicas presentes nele são frutos de um processo de reflexão, muitas pessoas contribuíram para as histórias que estão descritas aqui, e receber o abraço delas, um abraço de incentivo e sustentação foi um momento muito rico na minha vida”,
As crônicas reunidas no livro condensam reflexões dos últimos quatro anos da autora, quando se propôs a pensar de um modo diferente, buscando menos litígios e mais entendimentos. Recalcular a rota, inserir novos desafios na vida e agora instiga você a se relocalizar no mundo, buscando ajustar seu GPS interior.
“Acredito que a vida continua e que levamos daqui não só as experiências, mas também as consequências das nossas escolhas. Assim, pensar na finitude é algo muito natural para mim. Penso nela como uma passagem e meu olhar nunca é direcionado apenas para os que ficam, mas também para os que atravessam o portal que nos direciona a outros planos”, explica Melina.
Aquele que se vai deixa por aqui amores, escolhas e arrependimentos, podendo ser portador de uma dor e de uma saudade ainda maiores do que as de quem fica. Uma vida equilibrada, refletida, sem tristezas pelo que não se fez, propicia uma passagem mais fluida, menos dolorosa. “Fiz o que estava ao meu alcance, tenho poucos arrependimentos, posso seguir tranquilo a viagem…”
Em razão dessa compreensão, as histórias têm um olhar amoroso e sensível aos que se encaminham para uma despedida e procura estimulá-los a aproveitar o tempo que permanecem neste plano, que usufruam de uma vida bem vivida nesse tempo restante, investindo principalmente em seus relacionamentos.
Este livro, no entanto, não é dedicado àqueles que acreditam na vida após a partida. Ao contrário, é dedicado a todos que, ao longo de sua existência, se dedicam a refletir sobre a vida diante da morte. Diante da morte nossa visão pode ficar mais lúcida, se tivermos a coragem de olhar nossas sombras interiores – aquilo que nos cega, que nos impede de ver, enfim, nossos recalques.