O melhor de cada um
Quando colocamos água em uma panela e a deixamos ferver, ela produz efeitos diferentes: cozinha o ovo, amolece a cenoura ou absorve o café. A água é a mesma, com resultados distintos.
Isso também ocorre com as pessoas e suas famílias. É comum ouvirmos a expressão: “Eles são meus filhos e amo a todos do mesmo jeito”, mas a verdade é que cada um recebe o amor e o afeto de um jeito diferente.
Mesmo que os filhos sejam parecidos fisicamente, subjetivamente se assemelham ao exemplo acima: um é ovo, outro é cenoura e o outro café, ou seja, diferentes no modo de ser e de sentir. Assim, há aqueles que gostam de abraço, de carinho e até de bronca. E há outros que têm grande sensibilidade para qualquer um desses gestos.
Somos todos únicos, ainda que nascidos da mesma barriga (ou não), convivido na mesma casa durante anos e sermos portadores das crenças recebidas de nossos pais.
Além disso, os pais, embora até pensem que sim, não são os mesmos para cada um dos filhos. Quando a criança chega, é recebida em uma época específica da vida dos adultos e isso já é suficiente para fazer a diferença. A idade dos pais quando o filho nasce diz muito da sua disponibilidade de energia para cuidar desse filho, bem como a maturidade e ainda a questão financeira da época em que esse novo ser se integra à família. E ainda há a influência de outras questões como doenças ou a interferência/ausência de auxílio de outras pessoas para suporte na educação e criação, como os avós.
Assim, voltando ao exemplo do início, os pais seriam a panela, os filhos o ovo, a cenoura e o café. A água seria a relação estabelecida entre eles. A possibilidade de um bom encontro, portanto, está na panela que abriga a água. Há um conhecido refrão que afirma “quando a gente gosta, é claro que a gente cuida”.
Então, como uma boa panela (um pai ou mãe competente), modulo a minha potência a partir das diferenças. Fervo a água depressa se quero passar um café gostoso, fervo no ponto se quero um ovo com a gema um pouco mais mole ou fervo muito se gosto da gema do ovo mais consistente. E a cenoura… Ah, essa eu prefiro crua, então nem vou ferver a água…
Modulo a potência de acordo com o que desejo, reconhecendo que ovo é ovo, cenoura é cenoura e café é café. Diante dos encontros da vida, reconhecer o interlocutor e ser flexível é uma boa escolha. Assim, podemos estimular para que venha ao mundo o melhor de cada um!