Novo estudo mostra que controlar glicemia pode proteger o coração por décadas
Pesquisa internacional mostra que reverter o pré-diabetes reduz em até 50% o risco de morte cardiovascular e insuficiência cardíaca a longo prazo
Um novo estudo publicado na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology, umas das revistas científicas mais relevantes do mundo, indica que pessoas com pré-diabetes que conseguiram normalizar os níveis de glicose no sangue apresentaram menor risco de morte cardiovascular ou de hospitalização por insuficiência cardíaca ao longo do tempo. O acompanhamento mostrou que esse benefício se manteve por um período de 20 a 30 anos após a normalização da glicemia.
O pré-diabetes é definido por níveis de glicose no sangue acima do normal, embora ainda não preencham os critérios diagnósticos do diabetes tipo 2, conforme explica o médico nutrólogo e intensivista Dr. José Israel Sanchez Robles. A condição, que afeta cerca de 38% da população adulta, é muitas vezes encarada como uma etapa intermediária, mas evidências científicas reforçam que mesmo nesse estágio já há um aumento significativo do risco de doenças cardiovasculares.
De acordo com o estudo, o principal fator associado à redução de eventos cardiovasculares foi a chamada remissão do pré-diabetes, quando os níveis de glicose retornam à faixa considerada normal. Pessoas que atingiram esse patamar apresentaram cerca de 50% menos risco de morte por doença cardiovascular ou de hospitalização por insuficiência cardíaca, em comparação com aquelas que permaneceram com glicemia elevada. Resultados semelhantes foram observados em pesquisas realizadas nos Estados Unidos e na China.
Para o médico nutrólogo e intensivista Dr. José Israel, os dados reforçam a importância da detecção precoce do pré-diabetes. “O pré-diabetes já indica uma alteração metabólica relevante. Quando a glicemia retorna aos níveis normais, o impacto positivo vai além da prevenção do diabetes, refletindo também na redução do risco cardiovascular ao longo dos anos”, afirma.
O estudo também avaliou estratégias utilizadas para alcançar a normalização da glicose. As principais foram mudanças intensivas no estilo de vida, com foco em alimentação e atividade física, além do uso de metformina. Os autores destacam que terapias mais recentes, como os agonistas de GLP-1, não estavam disponíveis no período inicial das pesquisas analisadas.
Segundo o médico nutrólogo e intensivista Dr. José Israel Sanchez Robles, a normalização da glicemia deve ser encarada como parte de um conjunto de estratégias. “Controlar o açúcar no sangue é fundamental, mas não substitui outros pilares da prevenção cardiovascular, como a manutenção do peso corporal, uma alimentação adequada e a prática regular de atividade física”, destaca.
A conclusão do estudo indica que intervenções realizadas ainda na fase de pré-diabetes podem gerar efeitos duradouros na saúde cardiovascular, com potencial para influenciar positivamente o risco de eventos graves mesmo décadas após o início das medidas preventivas.
