Cidades

Transparência não é ingenuidade

O Evangelho de Mateus registra um grande ensinamento de Jesus (10:16): “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e mansos como as pombas”.

Há mais de dois mil anos, Jesus nos advertiu que uma das grandes habilidades a ser desenvolvida no ser humano e plenamente vigente no Século XXI é a flexibilidade.

O ser humano flexível é manso e prudente. Quem ele é, define-se no momento, pois depende do seu interlocutor. E aí se desenvolve outra grande habilidade da vida: reconhecer se você está no meio de ovelhas ou de lobos.

Essa realidade se aplica muito às empresas, sejam elas familiares ou não.

Constata-se que um dos maiores desafios da humanidade (e as empresas não estão livres dele) é a comunicação. Há sempre uma assimetria da informação: uns sabem mais e outros menos do que está acontecendo na empresa, principalmente no que se refere às diretrizes da diretoria ou do Conselho de Administração.

E é necessário que seja assim. Há informações que comprometem o próprio segredo do negócio, o cerne do planejamento estratégico. Vivemos em uma sociedade de hiper informação, tudo é falado ou postado nas redes sociais, mas nem tudo deve ser revelado.

Há que se observar cuidadosamente quem é o interlocutor que recebe aquela notícia, mensagem ou comunicado, principalmente se estamos diante de uma informação privilegiada.

A verdade é o reconhecimento da realidade. Informações certas para pessoas adequadas. Prudência ao expor a comunicação para quem  está legitimado a recebê-la, habilidade para reconhecer o destinatário que pode se aproveitar do segredo do negócio ingenuamente revelado e entregá-lo ao seu concorrente.

Nessa sociedade com excesso de informação, muitas vezes os conceitos de poder e sua delegação, autoridade e liderança, propriedade e gestão estão confusos. Discernir uma coisa de outra é a mesma habilidade de distinguir o lobo na pele de cordeiro há tantos anos advertida na passagem bíblica.

Uma verdadeira habilidade do Século XXI que preza pela flexibilidade e transparência, sem ingenuidade e com desenvolvimento da verdadeira prudência que sabe reconhecer a realidade do destinatário da comunicação.

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